O MEDO DAS DIFICULDADES (e o medo das facilidades...)

06/05/2020

Esta noite, ao serão, a convite da TSURU, Raquel Silva, vou estar à conversa com mais três docentes. Vamos ser quatro profissionais, todas neste ofício de ensinar, representando todos os níveis de ensino, dos pequeninos aos graúdos, da creche ao ensino superior. Vai ser em canal aberto, acesso livre, em Youtube ou aqui no Facebook. O link está aqui em baixo, num evento colocado em post anterior.

Mas vem isto a propósito de vos dizer: vamos ter de falar do medo das dificuldades, do medo de dificultar, do medo de facilitar demais. A meu ver, um professor, como qualquer outro educador, passa o tempo todo envolvido na tarefa de dosear o grau de dificuldade que é necessário criar junto dos alunos, para que haja aprendizagem e evolução. Fácil, fácil, ninguém cresce. Difícil demais e ninguém resiste. E portanto, é como o sal para o cozinheiro. Q.b. significa dosear, nem insosso, nem salgado. No ponto.

Lembram-se das experiências de germinação em algodão em rama... a maravilha de ver nascer uma plantinha em algodão em rama, a partir de um pequeno feijão. Que primeiro inchava, crescia, depois explodia e se abria em raiz e caule, em folhas... e a gente sorria. Agora lembram-se do que acontecia depois...? Ficasse o feijão demasiado tempo em algodão em rama, definhava e desistia... morria. Serve a metáfora...?

As nossas escolas são ambientes como este frasco. Servem para fazer germinar a sabedoria e o método, o conhecimento e a investigação, o prazer e a motivação... fazer germinar em ambiente protegido, controlado e produtivo. Com um pouco de água da nossa parte e tudo o que os alunos trazem em germe dentro de si. E que germina, germina... a velocidades diferentes e ao seu próprio ritmo. Germina quase sempre, haja condições que o facilitem...

Mas se ficarmos todos para sempre em algodão em rama, se nos pouparmos a dificuldades e a intempéries, se não sairmos para o mundo a explorar, a fortalecer, a muscular, a correr riscos... se o confinamento permanecer e a proteção crescer... definhamos, desistimos, morre a motivação, a vontade de saber, a procura de saber... morre tudo.

A dificuldade é essa. A dificuldade e o medo. Tal como na agricultura. Quanto de proteção e estufa, quanto de ambiente natural e de luta. O momento que estamos a viver é bem a ilustração desse impasse, dessa procura de um ponto de equilíbrio... parece demasiado fácil deixar tudo ao natural, como me parece ser demasiado fácil, tudo estruturar e programar tudo. O risco, a dificuldade, o que nos mete mais medo, é fazer diferente, mudar. Observar, estar presente e atento, reagir a tempo à forma como as coisas vão evoluindo. Flexibilizar sem facilitar, estruturar sem cristalizar. Em cada aluno, em cada casa, há um ambiente diferente e nem todos os feijões são iguais. A dificuldade é equilibrar o quanto facilitamos, o quanto dificultamos. Para que germine, tudo o que puder germinar, para que cresça, tudo o que puder crescer... mas nem tudo igual e nem tudo natural...

Dificuldades que facilitam a aprendizagem...? Essa é a IDEA. Mas nenhum de nós sabe como se faz antes de fazer... e varia, caso a caso, vaso a vaso. Por isso, sentimos MEDO. Conscientes da VULNERABILIDADE e do perigo. Por isso precisamos falar sobre os nossos medos, as nossas dificuldades, as nossas experiências... as nossas dificuldades, as nossas experiências… por isso, precisamos de investigar centrados na evolução e na aprendizagem. Mas sem temer DIFICULDADES. Dificuldades funcionais.

LINK para acesso:
https://www.facebook.com/dulce.goncalves.98/posts/2646403942154813

 


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